Você já se sentiu cansado de lutar contra o pecado? Você já teve a sensação de que a luta dos outros contra o pecado é algo muito mais fluido e natural do que a sua? Você já teve vontade de desistir de seu processo de santificação e chegou a duvidar se você, de fato, crê em Jesus? Durante o feriado de Carnaval eu fui pregar em um retiro de jovens e fiz essas mesmas perguntas a eles. Enquanto eu perguntava, eu prestei atenção em suas faces e, como em raras ocasiões, eu pude perceber que estava falando de algo que lhes era muito conhecido, uma realidade que eles, ou haviam experimentado, ou estavam experimentando naquele exato momento.
Eu não sei você, mas eu também já me senti assim, exausto, sem forças e com dúvidas sobre a minha própria fé. Creio que esses são o resultado de uma busca por Santidade onde a base dos esforços são qualquer outra coisa que não o Evangelho da Graça de Jesus Cristo. Muitos dos que estão dentro de igrejas estão lutando e se esforçando para serem santos, mas essa luta e este esforço possuem como base diversas coisas como: o medo (dos pais, do pastor, dos amigos cristãos, do inferno), a força de vontade, uma promessa feita a Deus ou a alguma pessoa, enfim, diversas são as fontes onde buscamos capacitação para lutarmos por santidade, mas nenhuma delas é capaz de refrear os impulsos da nossa carne, transformar o nosso coração e nos fazer crescer à semelhança de Cristo. Só Jesus pode, e Ele quer.
Isso acontece porque muitos formaram uma ideia de vida cristã onde o Evangelho é o carimbo no passaporte para o céu, a garantia de que seremos salvos do inferno, e depois de ter crido no Evangelho e garantido a salvação pela graça, por meio da fé, aí então eu parto em busca de coisas mais profundas, eu passo a buscar nas minhas forças o crescimento em santidade, e quando essa mentalidade se instala, variamos entre o orgulho e o desespero. Quando rebaixamos os padrões morais de Deus para simples atitudes exteriores que conseguimos alcançar, nos tornamos orgulhosos e cheios de nós mesmos, mas quando percebemos que os padrões morais de Deus lidam, não apenas com nossas ações, mas principalmente com nosso coração, nossa atitude, nossas motivações, e conseguimos perceber como nossos corações estão cheios de desejos pecaminosos, aí entramos em desespero e podemos chegar a duvidar de nossa fé.
A boa notícia é que o Evangelho não é apenas o visto para a viagem em direção à eternidade com Cristo, ele é também o avião e o combustível que nos levam durante toda a viagem. Não existe nada mais profundo do que o Evangelho, e o caminho para a santidade também é pela graça, por meio da fé. Paulo, em sua carta aos Colossenses, escreve: “Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele,” (Colossenses 2.6). Veja, como foi que eu e você recebemos a Cristo Jesus? Pela graça e por meio da fé. Paulo está dizendo que assim também devemos continuar a viver nele.
Quando Paulo escreve a Tito pedindo que este ensine diversos grupos da igreja sobre como deveriam viver, ele faz questão de lembrar a Tito de que a mesma graça que havia se manifestado salvadora na vida dos irmãos da igreja em Creta, era a graça que os iria ensinar e capacitar a viver de forma sensata, justa e piedosa (santificação). Quando entendemos isso, encontramos o verdadeiro poder para uma vida de santidade, a graça de Jesus que nos capacita e nos perdoa. Como diz um cantor chamado Alexandre Magnani: “Tudo é graça: seu eu acerto é graça, e se eu erro há graça.” Continuemos a viver na e pela graça.
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