Depois de quase dois anos de planejamento e levantamento de fundos, nesta semana começamos as obras de expansão do salão de culto de nossa igreja. Os pedreiros trabalharam pesado, suaram e se esforçaram a semana inteira, mas se você olhar pela janela sabe quanto da nova parte da igreja você poderá ver? Nada. Exatamente, você não conseguirá ver nada, e o mesmo deve se repetir por alguns dias, talvez até semanas. Sabe por quê? Porque para construir antes é necessário cavar e quebrar.
A realidade da obra civil é bem ilustrativa da obra que de Deus opera em nossas vidas. Não é raro a gente querer ver transformações, mudanças e ampliações em nossa vida espiritual, sem antes devotarmos o esforço necessário para cavar e quebrar o que precisa ser cavado e quebrado em nossas vidas.
Queremos crescer espiritualmente, mas não estamos dispostos a trabalhar em áreas escondidas do nosso viver para retirarmos o que precisa ser retirado antes que o novo tome forma em nossa caminhada espiritual. Uma área em que isso se manifesta de forma mais clara é a pureza sexual. Queremos viver de forma pura, agradando ao Senhor com nossos corpos e pensamentos. Mas não estamos dispostos a cavar e a quebrar em nossas vidas os gatilhos que despertam a imoralidade em nosso coração. Queremos crescer em santidade, mas não estamos dispostos a quebrar relacionamentos imorais, queremos crescer em santidade, mas não queremos deixar de assistir imoralidade sexual socialmente aceita, queremos crescer em santidade, mas não queremos abandonar os gracejos imorais nos aplicativos de conversas. Veja, não existe crescimento sem muito trabalho prévio para cavar e quebrar aquilo que não terá parte na nova etapa que queremos viver.
Em Efésios 4.22-24, Paulo instrui a igreja de Éfeso (atual Turquia) a se despojar (cavar e quebrar), para então poder se revestir (construir, crescer e edificar). O problema é que cavar e quebrar dá trabalho, não é bonito, poucas pessoas percebem e valorizam, e mexe nas profundezas do nosso coração, exatamente lá onde guardamos aqueles ídolos escondidos, aos quais servimos com lealdade oriental, e dos quais não queremos nos livrar. Como então resolver essa equação? Onde encontramos forças e motivação para cavar e quebrar (nas palavras de Paulo: “nos despirmos do velho homem”)? A carta de Paulo não começa no capítulo 4, mas no 1, e por todo os capítulos 1 a 3 Paulo está relembrando a igreja de Éfeso sobre o que Deus fez por eles em Cristo Jesus: “Nos escolheu antes da criação do mundo, em amor nos predestinou, nos selou com o Espírito Santo da promessa, nos deu vida com Cristo quando estávamos mortos em nossos delitos e pecados, nos deu paz e nos reconciliou com ele”.
É apenas a gratidão por tudo o que Deus fez por nós em Cristo que pode nos capacitar a cavar e quebrar tudo o que precisa ser cavado e quebrado, para que então, pela graça de Deus, possamos crescer em nosso relacionamento com o Senhor. A pergunta então é, o que você ainda tem mantido nos porões do seu coração que precisa ser cavado e quebrado para que você possa, de fato, crescer em seu relacionamento com aquele que te deu uma vida nova em Cristo Jesus?
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